“Um negro é um negro. Apenas em determinadas condições, ele se torna um escravo” – Karl Marx.
“Durante três séculos e meio de história brasileira, a população negra e africana foi tratada como mercadoria/propriedade privada. Importou -se ao longo desses mais de três séculos e meio de regime escravocrata, 4 milhões de negros africanos, ou seja 40% das importações totais das Américas – considerado uma das mais volumosas transferência forçada de pessoas havidas na História. Podendo ser objeto de compra, venda, empréstimo, doação, penhor, sequestro, transmissão por herança, embargo, depósito, arremate e adjudicação, a pessoa africana escravizada e seus descendentes no Brasil se encontravam na condição de uma mercadoria com a singularidade de que podiam ser punidos quando cometia uma crime através do Código Penal.
Historicamente, em 13 de maio de 1888, o Brasil abole a escravidão racial, ou seja, devolve a liberdade individual à população negra e africano-descendente. A partir do dia 14 de maio de 1888, oficialmente o 13 de maio passou a ser festejado como o dia da libertação dos negros e dos descendentes de africanos no Brasil. Com a efervescência política de 1988, quando a abolição da escravidão racial brasileira completava 100 anos, o 13 de maio ganhou um novo significado político na história brasileira.
O movimento social negro no Brasil e na Bahia, em maio de 1988, deflagraou a campanha “100 anos sem Abolição” e “100 anos da falsa Abolição” para dar visibilidade ao que estava ausente na história do Brasil – as precárias condições sócio-econômicas e educacionais que a população negra saiu da escravidão, ou, a moda de Florestan Fernandes a não “integração do negro na sociedade de classes no Brasil”, após 100 anos de abolição. Audiências públicas, passeatas, manifestações políticas foram realizadas nesse período pelo movimento social negro no Brasil e na Bahia, para denunciar as desigualdades raciais vividas pelas populações negras no acesso a direitos básicos, enfatizando-se como o 13 de maio não era uma data de festa para os negros brasileiros, pois a liberdade não se completa sem o direito á igualdade. Para o ativismo negro naquele momento, o 13 de maio, que até então vinha sendo festejado oficialmente como “o dia da população negra”, era uma data esvaziada de significado político para a população negra, já que, a partir dela, o Estado brasileiro não desenvolveu políticas de inclusão social dessa população, ao contrário, as políticas desenvolvidas para a população negra no pós-abolição foram políticas de exclusão, marginalização e criminalização.
Dessa forma, o 13 de maio se tornou, o Dia Nacional da Luta contra o Racismo. Isso significa que deve ser um dia no qual reflitamos sobre o que nós – educadores, governantes, políticos, ativistas, cidadãos brasileiros e brasileiras precisamos fazer, no plano individual e coletivo, para construirmos uma sociedade sem racismo, ou seja, uma sociedade na qual o acesso a direitos não seja determinado pela raça/cor das pessoas, enfim, uma sociedade na qual as pessoas tenham direitos garantidos independente da sua raça/cor”.
Nádia Cardoso
Coordenação de Diversidade Negra, de Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos
Diretoria de Inclusão e Diversidade (DIREM)/SUDEB/SEC
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Tem gente com fome – Solano Trindade
“Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
pra dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Piiiii
estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
Mas o freio do ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuu”
(Ainda) TEM (muita) GENTE COM FOME!
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Mais sobre as fotos:
Dona Santa http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=233&Itemid=183
Escrava Anastácia http://pt.wikipedia.org/wiki/Escrava_Anastácia
Mãe Senhora http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Bibiana_do_Espírito_Sant
Rainha Nzinga http://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_de_Sousa
Solano Trindade http://pt.wikipedia.org/wiki/Solano_trindade